Ei, você aí, me dá um e-mail aí…

« voltar





Não é de hoje que muitas empresas capturam listas de suspects e de prospects oferecendo algum tipo de serviço ou de conteúdo em troca de um endereço de contato, normalmente um endereço de e-mail com opt-in explícito ou embutido.

Se eu quiser receber a newsletter da Colloquy ou as manchetes da Advertising Age é o mínimo que preciso dar em troca. Se quiser ter direito a acesso aos papers da ABC Luxe ou aos cases da Word-of-Mouth Marketing Association é o preço que eu tenho de pagar. Não existe almoço grátis, já nos lembraria Friedman.

É uma relação consentida entre adultos em que ambos os lados acreditam estar ganhando alguma coisa e, se um dos lados não quiser, não há nenhuma troca e nenhum prejuízo.

Eu mesmo me incluo no círculo dos que “compram” esse tipo de informação. Não poucas vezes indico esse caminho para clientes que precisam formar bases de contatos.

É um negócio límpido, claro e honesto.

O que tem me surpreendido a respeito desse tema é a quantidade de pessoas. Geralmente na posição de “pessoas físicas” cheias de pseudo-altruísmo oferecendo conteúdo para quem deixar seu endereço de e-mail em comentários de postagens em redes sociais. Particularmente o LinkedIn está repleto dessas propostas.

São planilhas de Excel que vão resolver todos os seus problemas financeiros ou de métricas. Modelos de planejamento estratégico que se preenchem em poucos cliques. Templates de currículos que vão transformar sua vida profissional num mar de oferta de empregos.

Para receber essas maravilhosas panaceias basta incluir o seu endereço de e-mail nos comentários.

Se você parar para pensar por três segundos e meio vai perceber que não só quem ofereceu o conteúdo (que eu prefiro acreditar que seja entregue) mas toda a torcida do Flamengo vai ter acesso imediato e gratuito ao seu endereço eletrônico.

Para piorar, não apenas aqueles que acompanham o timeline da rede social, mas também todos robôs que ficam varrendo a rede em busca de dados que possam ser usados ou comercializados (nas bancas da praça da República que oferecem CDs com milhões de e-mails por 50 reais ou, não se assuste, com ofertas direcionadas para o seu próprio e-mail).

Certamente não vai demorar muito tempo, se é que já não está acontecendo e eu ainda não vi, para que essas ofertas sejam enviadas através do seu número de whatsapp, outrora conhecido como seu número de telefone celular.

Curiosamente são exatamente essas pessoas que entregam seus dados que depois vão reclamar da quantidade de spam que recebem e que vão demonizar o e-mail marketing como ferramenta de comunicação.

Os tempos podem ser modernos. Muitas pessoas podem se achar o topo do mundo do hypeness.

Ainda assim não deixarão de ser uma coleção de ingênuos.