O nome do marketing

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Se a rosa tivesse outro nome, ainda assim teria o mesmo perfume.

William Shakespeare

Não são poucas as vezes que pessoas me perguntam se esse negócio de marketing direto não é algo ultrapassado. Um anacronismo, segundo alguns.

Pessoas que olham para as ferramentas de marketing como se se tratassem de um gadget eletrônico que precisa mudar de tamanho, aparência e nome todos os anos. Prática comum em muitas disciplinas da administração, diga-se de passagem.

Se assim fossem, deveríamos considerar que a propaganda é algo ultrapassado, afinal suas origens remontam à primeira metade do século XIX, com os anúncios de Barratt. A promoção já produzia material no começo do século XX…

No entanto, todas as vezes que me lembro da definição de marketing direto, noto como ela se torna cada vez mais atual e compatível com a nossa realidade.

Marketing direto é um sistema interativo de marketing…

É o marketing do diálogo. O marketing que responde perfeitamente ao mercado das conversações, como bem definiu o Cluetrain Manifesto. O marketing que permite a conversa entre fornecedores e mercados, de forma contínua e em tempo real.

Nem por isso mudamos o seu nome para whatsapp marketing.

…que utiliza uma ou mais mídias…

Os termos multimedia ou cross-media têm se tornado o frenesi do momento. Claro, depois de anos durante os quais compra de mídia se referia predominante a televisão e mídia impressa, a fragmentação dos meios obrigou os marketeiros desavisados a olhar o mundo com outros olhos e, até sem querer, começaram a fazer marketing direto.

Mas também não mudados o nome para marketing multicanal.

…para obter uma resposta…

No final das contas não é isso que todo anunciante quer? Uma venda, um lead, evitar um cancelamento, recuperar um cliente? O marketing direto sempre foi o marketing do clique aqui, ligue já, faça (ou não faça) algo. O marketing que busca mudança de comportamentos, não apenas de atitudes.

Poucos conhecem as técnicas de call-to-action como esses “velhos” marketeiros diretos.

O que não significa que vamos mudar o nome para responsive marketing (em inglês, porque é mais chique, como diria o Eduardo Ramalho)

…mensurável…

Métricas, métricas, métricas. Todos os dias somos assolados por demandas de métricas em comunicação e marketing. Congressos e simpósios são realizados para debater como demonstrar retorno sobre o investimento.

O marketing direto sempre foi mensurável (e se não for, não é marketing direto). Sempre foi o marketing de quem ama tanto uma planilha quanto um lay-out genial.

Claro, nesse ponto já tem gente dando o nome de marketing de performance.

…em qualquer lugar…

Nossos colegas mais novos acreditam piamente que a venda à distância começou com a Amazon e outros sites de e-commerce. Não fazem nem ideia do que era um catálogo da Sears, das operações de vendas de produtos da Reader´s Digest e muitos nunca souberam o que era o grupo Imagem.

Não é por acaso que as melhores operações de e-commerce americanas (e algumas brasileiras) têm sua gestão nas mãos dos antigos operadores de catálogos impressos. Eles conhecem bem os caminhos dos hot-spots, da segmentação, da apresentação de produtos (poderiam ser reconhecidos como os pais da usabilidade ou user experience).

Bem que poderíamos mudar nosso nome para Ubiquos Marketing. Mas não.

…e guarda essas informações em um banco de dados.

Em tempos de Big Data muita gente que nunca soube lidar com small data (e ainda não sabe) acha que o tamanho é mais valioso que a utilidade.

Nesse ponto já tivemos várias tentativas de mudança de nome. Database marketing. Data driven-marketing. CRM e até Social-CRM (até porque qualquer coisa que tenha o termo social no nome vende mais, até pipoca-social).

Existem registros fotográficos de bancos de dados analógicos na primeira metade do século 20. Gente que mais do que acumular informação sabia o que fazer com ela para obter resposta, medir, vender para qualquer lugar e, claro, para manter o relacionamento interativo com os clientes.

Não por acaso, essa gente atendia pelo nome de marketeiros diretos.

Concluindo…

Se seu negócio precisa ser interativo, multimedia, responsivo, mensurável, geograficamente abrangente e bem informado sobre os clientes (para gerar mais negócios), procure aprender e praticar as técnicas, os métodos e os processos de marketing direto.

A menos que você considere o uso de buzzwords mais importante que seus resultados.