Meu papo com Bezos

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Durante uma aula do curso que eu coordenava, estimulado pelo que o professor estava falando, tive uma ideia a respeito de um recurso para sites de e-commerce. A ideia não era ruim e, depois de uma certa pesquisa, descobri que nenhum dos grandes sites ofereciam esse tipo de serviço.

O problema da ideia é que ela só funcionaria em uma plataforma que tivesse um bom ferramental de estatística e de modelos preditivos. Resolvi ser ousado e mandei um e-mail para o Jeff Bezos.

Apesar de metido à besta eu não tinha nenhuma expectativa de receber algum tipo de retorno. Imaginem só se o homem mais rico do mundo iria ficar respondendo e-mail não solicitados de ilustres desconhecidos do terceiro mundo? Dois dias recebi uma resposta de uma pessoa chamada Alice.

Ela me pedia desculpas por estar respondendo no lugar do Jeff (sim, é assim que ela trata o chefão), mas ele estava fora em viagem e não gostava de deixar as pessoas sem resposta. O assunto se estendeu por mais duas trocas de mensagens e, por uma questão de política de negócios, não foi adiante.

O ponto importante desse episódio não é o negócio ter ido adiante ou não, mas, o fato de que em tempos bicudos como o nosso onde feedback virou algo raro esse comportamento é notável em três aspectos:

Primeiro: não importa quem você seja, se o dono de uma das maiores empresas do mundo ou um ilustre desconhecido, responder às pessoas é uma questão de valores e princípios e não só de discurso fake nas redes sociais corporativas.

Segundo: não importa quem está te mandando uma mensagem, se a pessoa se deu ao trabalho de te escrever, o mínimo que merece é um retorno, mesmo que seja para dizer “não obrigado, não me interessa”.

Terceiro: quem está do lado de fora, algumas vezes, pode estar vendo oportunidades para o meu negócio que eu não consigo ver em meio à correria do dia-a-dia. Não é à toa que uma empresa como a Amazon está sempre à frente do seu mercado. É uma empresa que ouve as pessoas.

Curiosamente, alguns dias depois, mandei a mesma mensagem para uma empresa nacional. Daqui a dois meses vai se completar um ano sem nenhuma resposta.

Foto: Caderno de Economia do CM Jornal